terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Aos olhos da Loucura



Pois então Loucura, nós dois aqui de novo conversando... Mas com você sinto-me a vontade, como Rotterdam já questionava o que seria da nossa vida sem a tua existência?
Nunca pensei Loucura, que fosse chegar ao ponto de parar para escrever sobre uma pessoa e não sair uma única palavra a não ser apenas bons adjetivos. Sempre gostei de escrever sobre situações que passei ou simplesmente imaginei com tua ajuda e pessoas que conheci, algumas vezes compartilhando da tua essência; você sabe bem, até por que na maioria das vezes você estava me ajudando a escrever. Mas para ela não, é complicado! As palavras se atropelam na ponta dos dedos e não se entendem em ordem da língua.
                Loucos somos nós Loucura, falando tão abertamente sem autorização dela. Mas com você me permito falar sem poder.
                Sabe Loucura, eu fui visita-la em sonhos sem nem saber o endereço, e em seguida ela veio aparecer no mundo dos reais pra mim, e pelo que estou percebendo, agora não estou mais só nos sonhos dela, também faço parte de pelo menos algumas das horas acordada, até porque, ela construiu um hospício, me trancou com duas camisas de força, e resolveu ficar lá também. Me diz Loucura, tu e provavelmente aquele pilantra do Destino ou algum outro que compartilha da tua causa foram visita-la também, não foram? Só pode. E como se não fosse pouco, ainda tem uma enfermeira pra me vigiar.
                Eu passei vinte e poucos, quase muitos, anos da minha vida procurando esta Louca; você me permite apelida-la assim? Pois bem. A minha vida toda procurei por ela, pela Louca. Ia esquecendo que você sabe disso, até porque colou em mim ainda quando andava pendurado; dos pais que eu tenho, se tu não me acompanhasses, alguma coisa estaria errada. Procurei muito por ela, e apareceu pra mim quase da forma que imaginei; quase uma mágica onde tudo foi acontecendo feito magia. Porém existem algumas coisas que não permitem que sejamos par, coisas que nem pra você Loucura, eu posso explicar, mas mesmo assim ela me faz sonhar, sorrir... Me faz bem, uma tão grande bem.
                Para você entender, penso nela quanto estou mal, e quando bem, é nela que penso também. Aquela Louca hoje habita minhas partes bonitas e feias. Ela tomou conta de mim, da minha razão e da emoção. Sabe, ainda não tinha chegado ao capítulo da vida que dizia: “e ele resolveu se entregar a bela dama de corpo e alma até que a morte o viesse lhe buscar”. Bem conto de literatura romancista, não é? Mas fazer o que Loucura se tu contribuíste para nascer no último signo do zodíaco e ainda em dia de domingo de carnaval? Mas não tenho bem a certeza se chegou essa hora, mas sei que o que ela despertou aqui, ainda não faz parte do meu vocabulário.
                Ela me faz sentir o cheiro do vermelho. Ela me faz orar pelo verde. E da cor da serenidade e harmonia compartilha da preferência no favoritismo. Quando ela puder Loucura, e se ainda quiser, quero ser o Homem dela... Quando e se isto acontecer, minha paz, minha paciência, minha luz, meu sossego, meu suor, meu tempo, meu verbo e meus ouvidos, minha paixão, meu tesão, meu amor e até você Loucura, quero compartilhar com ela. Mas se não acontecer, foi bom ela ter me mostrado um lado que nem você foi capaz de me mostrar e ainda não sabia que existia aqui. 

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