terça-feira, 30 de abril de 2013

Chuva na capital

Dentre carros e feridos
Dentre mortos e motos
A chuva de abril cai
Levanta a vida e vai

Lavando a rua a calcada
Tornando liso o piso
Dos que pés não tem
Rodam e levam alguém

Fossil queimado; energia
Fuligem, barulho, agonia
Buzinas em alta gritaria
Transpote de espécie falida

Chuva cai ignorando
O ser do ar frio
O ser do ar quente
Em meio tanta gente
Coletivo

Olhares perdidos
De mundos diferentes
Com fones nos ouvidos
Pensamentos distantes

O vai e vem dos bichos
Cansados e ainda famintos
Tentam passar por cima
Em pequenos espacos, buzina

O caos toma conta
De todos como afronta
Ao conforto e velocidade
Das invenções da cidade

Não há respeito, ou há
Os quase fortes são fracos
De espírito e humanidade
Amor não é sua capacidade
Ao próximo só pisar

Fortes de poder e papel
Com suas cabines duplas
Sentem-se Deuses
Deuses das escarras e putas

Fortes unidos no amor
Comprados no puteiro
Da vitrine da ostentacao
Fez do dinheiro seu calor

Destes sinto cólicas
De merda pótrida
De buchada velha
Que só serve para fossa

Mas a chuva de abril
Ignora o que fica
Ignora o que partiu
O que cala e o que grita
Vai pra puta que pariu

terça-feira, 9 de abril de 2013

Noite sem lua

Ainda olho pro ceu
Lembro da lua que brilhava
Antes do feu
E contigo sonhava

Era uma estrela
Era minha companheira
Que me aquecia
Que foi minha moradia

A lua so brilha
Pelo sol que ilumina
Talvez fosse eu a lua
E ela minha estrela rainha

Nela eu me aquecia
A sua luz eu refletia
Mas errante como sou
Trai meu verdadeiro amor

A lua se apagou
O meu sol esfriou
Sem luz e companhia tua
O que sera desta lua

Me chamava de estrela
Com carinho e beleza
A estrela maior e brilhante
Me escolheu parceiro e amante

Mas estrela tem luz propria
E nao passava de mera copia
Do calor, luz e amor
Da estrela maior

Eu sempre fui lua
Brilhava com tua energia
Agora sem que ela brilhe
Minha felicidade se finda

Sem meu sol
Sem minha luz
Me resta escuridao
Via unica sem paixao

A lua que nao agrada
Que gera magoa
No sol que a ilumina
Merece a escuridao

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Samba que não existe

da dor que o envolve
sente algo que se descobre
um samba de relato
de um malandro nato

malandro de bem
que nada se tem
de malandro nada leva
caminhada sem tregua

malandro nada é
sem o sabor de uma mulher
e que malandro será
se ele apaixonar

malandro que é malando
manlando é
que deste samba desajeitado
nao será nato malandro

nao sei se malandro ou mané
mais mané do que malandro
que num rabo de saia
totalmente sai da raia

mas a mulher da paixão
dexa o malandro sem chão
pois a voz da mulher que canta
encanta seu coração

malandro que é malando
manlando é
que deste samba desajeitado
nao será nato malandro

ja não mais malandro
agora sem acalanto
quer ser diferente
quer ser gente

deste samba inexistente
que um dia pensou em cantar
não mais mente
também não mais fará

da idéia que surgiu
de um samba que curtiu
este samba se calou
nao agrada nem o autor